sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Nossa Senhora da Consolação de Lezajsk, Polônia



Nossa Senhora da Consolação de Lezajsk


Diante da incredulidade dos homens, a Virgem Santíssima vale-se de meios inesperados, como através dessa invocação difundida na Polônia, para cumprir seu intensíssimo desejo de conversão dos pecadores.


Esta história começa no século XVI, mais exatamente em 1560, quando a crise protestante caminhava para seu auge na Europa. Regiões inteiras tinham-se desligado da verdadeira Religião católica, e mesmo países que se destacavam na história do catolicismo, como a Áustria e a Polônia, sofriam intensa atuação de numerosas seitas protestantes.

Naquele ano, Nossa Senhora apareceu ao proprietário de um moinho da cidade de Lezajsk - localizada na atual fronteira entre a Polônia e Ucrânia - chamado Rycht. Enquanto ele procurava madeira numa floresta, a fim de consertar seu moinho, apareceu-lhe a Mãe de Deus. Após a visão, ele voltou à cidade e narrou o acontecido. Ninguém acreditava no que Rycht dizia, pois as heresias protestantes da época, embora muito diferentes umas das outras, votavam um comum desprezo, para não dizer ódio, à devoção mariana. Afirmar que a Virgem havia aparecido era algo "fora da moda", além de árduo de ser reconhecido. Não consta que o dono do moinho tenha feito especiais esforços para divulgar a aparição. Assim, ela caiu no esquecimento. Este fato parecia ser uma vitória da incredulidade e da impiedade sobre a Fé.


O desejo da Virgem

Em 1590, 30 anos após aquela aparição, e no mesmo local, a Virgem Santíssima apareceu três vezes para o cervejeiro da mesma cidade de Lezajsk, chamado Tomás Michalkow. Ele era um grande devoto da Virgem e tinha o hábito de rezar enquanto estava na floresta. Numa aparição, recebeu da Mãe de Deus o pedido de que os habitantes da localidade construíssem ali uma igreja para conversão dos pecadores.

Voltando à cidade, contou a todos o ocorrido. Resultado: ninguém se moveu para atender o pedido de Maria Santíssima. Após muitas dificuldades, ele apenas conseguiu convencer os vereadores da cidade a que colocassem uma imagem de Nosso Senhor, durante a Semana Santa, no local das aparições. Tomás continuou insistindo, mas não conseguia nada de concreto. E o protestantismo seguia sua atuação, deformando as consciências.


Edificação de capela, milagres

Foi justamente através de um protestante convertido que veio a solução. Tratava-se de Kasper Gluchowski, luterano, que fora atingido por uma paralisia. Curado milagrosamente, converteu-se ao catolicismo. Em 1598 ele mandou construir uma capela de madeira no local das aparições, na qual foi colocado um quadro de Nossa Senhora com o Menino Jesus. Para conseguir este resultado, Tomás empreendeu oito longos anos de luta.

Logo que foi atendido o pedido da Virgem, começaram os milagres. Nesta época, quando o movimento conhecido como Contra-Reforma (o combate católico contra o protestantismo) dominava a vida pública, os poucos jesuítas realizavam uma obra admirável.

Convencidos de que, taticamente, era menos importante apresentar o protestantismo como uma falsa reforma, tornaram ainda mais patente o que era já notório para o público: as divisões, as contradições doutrinárias, as falhas morais dos pastores e a desunião do país face aos numerosos inimigos que o rodeavam. 


Construção de igreja e convento

Os milagres no local das aparições, nessa cidade polonesa de Lezajsk, atraíram numerosos devotos. A fama da localidade aumentou a tal ponto, que os padres diocesanos não mais conseguiam dar conta das necessidades espirituais dos numerosos peregrinos que ali acorriam. Pediram então ao bispo da região que trouxesse uma ordem religiosa para atender os fiéis. Assim, o bispo Maciej Pstrokonski, no ano de 1608, concedeu aos padres bernardinos a posse da capela e do quadro milagroso. Logo depois, iniciou-se a construção de uma igreja e de um convento.

Na Polônia daquela época havia numerosos magnatas, nobres locais, que muitas vezes eram mais ricos que os reis, e muito piedosos. Alguns deles ficaram famosos pela quantidade de mosteiros, igrejas, capelas e locais de peregrinação que construíram. Muitos desses locais existem ainda hoje, e um deles é o convento e igreja barroca de Lezajsk, construídos pelo magnata Lukas Opalinski, marechal da coroa polonesa e prefeito da cidade.


Solene coroação da Virgem

No século XVIII tomou corpo um piedoso costume: o de coroar as imagens de Nossa Senhora, reconhecendo-A desse modo como verdadeira Rainha do país. E foi pedida ao Vaticano autorização para que a imagem representada no quadro de Lezajsk fosse também coroada. Após pesquisas de uma comissão especial que recolheu a documentação sobre os numerosos milagres, o Papa Bento XIV autorizou que a coroação fosse efetivada de forma solene, tendo o próprio Pontífice abençoado a coroa.

No dia 8 de setembro de 1752, realizou-se a cerimônia, presidida pelo bispo de Przemysl, Waclaw Hieronim Sierakowski. Os custos da cerimônia foram elevados, e correram por conta da família dos senadores Potocki. A coroa, valiosíssima, foi financiada pelo comandante Josef Potocki.


Imagem e o recuo comunista

A região da cidade de Lezajsk era muito insegura nos séculos XVII e XVIII, sendo constantemente atacada pelo tártaros, cossacos ou turcos. Em meio aos perigos da guerra, os soldados que defendiam a região pediam muito freqüentemente o auxílio a Nossa Senhora da Consolação, sendo objeto de milagrosa proteção. Quando feitos prisioneiros pelos turcos ou tártaros, carregando o jugo de condenados nas galés, eles dirigiam suas preces à imagem do quadro, e muito freqüentemente eram libertados da escravidão. Depois, como agradecimento, colocavam seus ex-votos aos pés da imagem. Entre estes agradecimentos encontram-se os do rei Wladislao IV.

O caráter milagroso da imagem é atestado pelas numerosas peregrinações, provindas de regiões próximas ou distantes de toda a Polônia.

Em 1928 o Papa Pio XI concedeu a esse santuário o título de Basílica Menor. Tendo a Polônia caído sob o jugo comunista, pareceria que os numerosos santuários teriam fim, sendo transformados em depósitos, cinemas ou piscinas, como ocorreu na extinta União Soviética. Em Lezajsk, felizmente, não sucedeu isto. Diante da enorme reação religiosa do povo, os comunistas preferiram contemporizar. Um exemplo de devoção: quando em setembro de 1952 comemoravam-se os 200 anos da coroação do quadro milagroso, teve lugar uma solene celebração à qual compareceram 300.000 fiéis.

Hoje a imagem encontra-se na Basílica Menor da cidade, local onde os padres bernardinos têm seu noviciado. As peregrinações continuam tão numerosas como sempre. E de futuro? Será que com a entrada da Polônia na União Européia - que pretende impor leis anti-cristãs - a situação será a mesma? 

Roguemos a Nossa Senhora de Lezajsk que proteja um país tão mariano como a Polônia contra esse novo adversário do catolicismo - a União Européia laica, que rejeitou suas gloriosas raízes cristãs.



Basílica Menor 




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