Os Efeitos da Eucaristia
Por Santo Tomás de Aquino
Sermão sobre o Corpo do Senhor
No Sacramento da Eucaristia, em virtude das palavras da instituição, as espécies simbólicas se mudam em corpo e sangue; seus acidentes subsistem no sujeito; e nele, pela consagração, sem violação das leis da natureza, o Cristo único e inteiro existe Ele próprio em diversos lugares, assim como uma voz é ouvida e existe em vários lugares, continuando inalterado e permanecendo inviolável quando dividido, sem sofrer diminuição alguma. Cristo, de fato, está inteira e perfeitamente em cada e em todo fragmento de hóstia, assim como as aparências visíveis que se multiplicam em centenas de espelhos.
O efeito deste Sacramento deve ser considerado, portanto, primeira e principalmente em função daquilo que nele está contido, que é o Cristo.
Ele, vindo ao mundo em forma visível, trouxe ao mundo a vida da graça, segundo nos diz o Evangelho de João:
“A graça e a verdade, porém,
vieram por meio de Jesus Cristo”
Assim, da mesma forma, vindo Cristo ao mundo em forma sacramental, opera a vida da graça, segundo ainda outra passagem do mesmo
Evangelho:
“Quem me come,
viverá por mim”,
O efeito deste Sacramento deve, ademais, ser considerado também pelo que ele representa, que é a Paixão de Cristo. Por isto, o efeito que a Paixão de Cristo realizou no mundo, este Sacramento também realiza no homem.
O efeito deste Sacramento também deve ser considerado pelo modo através do qual ele é trazido aos homens, que é por modo de comida e bebida. E por isto todo efeito que a bebida e a comida material realizam quanto à vida corporal, isto é, sustentar, crescer, reparar e deleitar, tudo isto realiza este Sacramento quanto à vida espiritual. E é por isto que se diz:
“Este é o pão da vida eterna,
pelo qual se sustenta
a substância de nossa alma”
De onde que o próprio Senhor diz, no Evangelho de São João:
“Minha carne é verdadeiramente comida,
e meu sangue é verdadeiramente bebida”
Finalmente, o efeito do Sacramento da Eucaristia deve ser considerado pelas espécies em que este Sacramento nos é oferecido. Foi por causa disto que escreveu Santo Agostinho:
“O Senhor confiou-nos
o Seu Corpo e o Seu Sangue
em coisas tais que são reduzidas à unidade
a partir de muitas outras,
porque o pão é um,
embora conste de muitos grãos,
e o vinho é feito
a partir de muitas uvas”
Santa Teresa repetia: “Eu não encontrei ajuda mais poderosa para obter a perfeição que a Comunhão frequente. É admirável como ela faz que a alma que comunga com frequência cresça em Deus”;
São Tomás ensina que a Comunhão neutraliza muitos ataques do demônio, e são João Crisóstomo lembra que a sagrada Comunhão da alma é uma forte inclinação para a virtude;
São Francisco de Sales dizia: “Estas são as pessoas que necessitam receber Jesus na Eucaristia: os que são fracos (para se tornarem fortes) e os que são fortes (para não se tornarem fracos)”;
Se perguntarem por que você comunga, diga: “comungo porque sou fraco e, na Comunhão, está o Forte, que torna forte quem o recebe. Comungo porque tenho a alma enferma e, na Eucaristia, recebo o Médico que veio buscar os enfermos”.
A Bíblia nos ensina em I João 2,6 que “aquele que afirma permanecer n’Ele deve viver como Ele viveu”.
Nós somos chamados a ser uma só coisa com Ele. Ele nos faz partilhar (comungar) como membros de Seu corpo, de tudo o que Ele, por nós e como nosso modelo, viveu em Sua carne” (CIC 521).
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